Guatemala: Cenário de tensão e impasse atrasam posse de novo presidente e geram denúncias de tentativa de golpe.

Em uma sessão solene no Teatro Nacional, no centro da capital da Guatemala, Bernardo Arévalo prestou juramento para um mandato de quatro anos como presidente. No entanto, a posse do novo líder foi marcada por tensão e por entraves de última hora no Congresso, que culminaram no atraso da cerimônia em nove horas.

O atraso se deu após a comissão parlamentar de credenciais do Congresso decidir revisar as credenciais dos novos 160 deputados, mirando os 23 do partido de Arévalo, o Movimento Semente, suspenso temporariamente a pedido do Ministério Público, que acusa a legenda de irregularidades em seu processo de formação em 2017.

De acordo com informações do próprio presidente, durante a cerimônia, a cerimônia entrou pela madrugada. Em nota divulgada internamente, Arévalo destacou a intenção de combater a corrupção no país: “Não vamos permitir que as instituições fiquem sujeitas à corrupção e à impunidade”.

A cerimônia de posse ocorreu após um impasse no Congresso que gerou protestos nas ruas e levou EUA, União Europeia (UE), Organização dos Estados Americanos (OEA), chanceleres e outras autoridades internacionais presentes a exortarem o Legislativo a “cumprir seu mandato constitucional de entregar o poder” como exige a Constituição.

Também estavam presentes representantes da Organização dos Estados Americanos (OEA), dos Estados Unidos, o rei da Espanha, Felipe VI, e, entre outros, os presidentes Gabriel Boric (Chile) e Gustavo Petro (Colômbia).

O atraso levou centenas de apoiadores no lado de fora a romper o bloqueio policial e avançar até o local onde se realizava a cerimônia. Os manifestantes, vários deles indígenas, enfrentaram dezenas de policiais que mantinham cercas nos fundos da sede do Legislativo, no centro histórico da Cidade da Guatemala, erguendo cartazes que diziam “Fora, deputados golpistas!”
Em nota posteriormente publicada, Arévalo assegurou, por meio de uma mensagem no X, que a posse ocorreria sem problemas. A demora se deu após mais de horas de discussões, o partido de Arévalo foi declarado “independente”, em virtude da ordem judicial.

Por fim, após toda a tensão, o novo Congresso da Guatemala restabeleceu a bancada de Arévalo, ao revogar a decisão da legislatura anterior. A cerimônia de posse aconteceu depois de diversos entraves e críticas de possíveis tentativas de golpe de Estado. Agora resta acompanhar como o novo presidente lidará com os desafios de um país onde mais de 60% de seus 17,8 milhões de habitantes vivem na pobreza.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo