Os depoimentos foram realizados em uma sala na Penitenciária Federal de Campo Grande, onde Lessa está preso. Ao todo, ele foi ouvido em cerca de dez ocasiões diferentes desde agosto do ano passado. Todos os relatos foram gravados em áudio e vídeo e as informações repassadas por Lessa foram minuciosamente checadas e confrontadas ao longo dos últimos meses.
Nesta terça-feira, após prestar esclarecimentos a um auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que corroboraram o conteúdo entregue à PF, a colaboração de Lessa foi homologada pelo magistrado. Dentre as revelações feitas por Ronnie estão detalhes sobre os supostos mandantes dos crimes, suas motivações e as circunstâncias envolvidas.
Durante a negociação do acordo de delação, Lessa concordou em ter uma espécie de unificação de sentenças, estabelecendo uma pena total entre 20 e 30 anos de prisão. Atualmente réu em dez ações penais, com condenações tanto na Justiça Estadual quanto na Justiça Federal, o ex-policial militar enfrenta graves acusações, incluindo contrabando de peças para armas de fogo e tráfico de armas, além de ser apontado como autor dos disparos que vitimaram Marielle Franco e Anderson Gomes.
O desdobramento dessa investigação foi fruto da apreensão de 117 fuzis na Zona Norte do Rio em 2019, ocasião em que Lessa foi apontado como o dono do arsenal importado dos Estados Unidos nos dois anos anteriores. Com tantas ações penais em seu nome, Lessa viu na delação premiada a oportunidade de colaborar com a justiça e revelar informações cruciais para o andamento das investigações. Assim, o desfecho desta negociação representa mais um capítulo na busca pela verdade e pela justiça em um caso que chocou o país.
