Alemanha legaliza consumo recreativo de maconha, causando polêmica entre conservadores e médicos preocupados com os impactos nos jovens.

A partir desta segunda-feira, a Alemanha entra para o seleto grupo de países europeus que legalizaram o consumo recreativo de maconha. A nova legislação permite que pessoas com mais de 18 anos transportem até 25 gramas da planta em locais públicos, cultivem até 50 gramas em casa e possuam até três plantas de cannabis em sua residência.

Essa reforma coloca a Alemanha ao lado de Malta e Luxemburgo, que também legalizaram o consumo recreativo nos últimos anos. No entanto, os Países Baixos, conhecidos por sua política liberal em relação às drogas, optaram por uma abordagem mais restritiva para diminuir o turismo relacionado ao consumo de maconha.

Apesar da entrada em vigor da lei nesta segunda-feira, os consumidores terão que aguardar três meses para poder comprar maconha legalmente em “clubes sociais de cannabis”. Até julho, a aquisição da substância permanecerá ilegal.

O governo liderado pelo chanceler social-democrata Olaf Scholz justifica a legalização como uma medida para conter o mercado clandestino de maconha. No entanto, críticos alertam para possíveis consequências negativas, principalmente entre os jovens.

Organizações de saúde expressam preocupação com o aumento do consumo da planta, especialmente entre pessoas com menos de 25 anos. Especialistas apontam que o uso de maconha nessa faixa etária pode afetar o desenvolvimento do sistema nervoso central e aumentar o risco de problemas psiquiátricos, como a esquizofrenia.

Apesar das controvérsias, o governo promete uma campanha de conscientização sobre os riscos associados ao consumo de maconha, reforçando que a substância continua proibida para menores de 18 anos e que o consumo é vetado em locais próximos a escolas, creches e parques infantis.

A nova legislação também enfrenta críticas da polícia, que teme dificuldades na fiscalização e cumprimento das regras estabelecidas. Além disso, a lei prevê uma anistia retroativa para crimes relacionados à maconha, o que pode gerar atrasos em processos jurídicos.

Diante das críticas, figuras políticas expressam posições divergentes. O líder conservador Friedrich Merz ameaça revogar a lei caso vença as eleições legislativas de 2025, enquanto o ministro das Finanças, Christian Lindner, defende a reforma como uma medida “responsável” para combater o mercado ilegal de maconha. Lindner argumenta que a nova legislação não resultará em caos, ao contrário do que afirmam os opositores.

A legalização da maconha para uso recreativo na Alemanha marca um capítulo importante na política de drogas do país, suscitando debates e preocupações sobre os impactos dessa medida na sociedade, principalmente entre os mais jovens. O desafio agora é encontrar um equilíbrio entre a liberdade individual e a proteção da saúde pública.

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