Austrália declara guerra aos gatos, permitindo caça e eutanásia destes animais de estimação.

O governo da Austrália anunciou uma nova estratégia para combater os gatos, considerados uma espécie invasora e responsável por graves perdas de biodiversidade no país. De acordo com um plano de ação divulgado recentemente, as autoridades australianas pretendem autorizar a caça e a eutanásia de felinos capturados na natureza.

A decisão foi tomada após a divulgação de um relatório das Nações Unidas que apontou as espécies invasoras como as principais causadoras da perda de biodiversidade na Austrália. A ministra do Meio Ambiente australiana, Tanya Plibersek, estimou que os gatos são responsáveis pela morte de dois bilhões de animais por ano.

O plano de ação inclui medidas como impor mais restrições aos gatos domésticos, como a obrigatoriedade de mantê-los dentro de casa durante a noite, estabelecer um limite de gatos por residência e criar áreas livres de gatos. A ideia é controlar tanto os gatos domésticos quanto os felinos ferais, que se tornaram selvagens e representam uma ameaça à fauna nativa.

A professora da Universidade Nacional Australiana, Sarah Legge, uma das principais pesquisadoras sobre o impacto dos gatos no país, afirmou que os australianos aceitam melhor as medidas para conter os gatos domésticos do que as pessoas em outros países. Segundo ela, o trabalho é mais fácil na Austrália, onde muitas espécies já foram perdidas.

Estudos mostram que um gato doméstico mata, em média, cerca de 186 animais por ano, enquanto um gato selvagem pode matar até 748. No entanto, os gatos domésticos estão concentrados em áreas urbanas, o que faz com que matem mais animais por hectare do que os felinos ferais na natureza.

Diversas localidades na Austrália já adotaram medidas restritivas em relação aos gatos. Em Mount Barker, no sul do país, cada família é limitada a ter apenas dois gatos. Na Ilha Christmas, território australiano, foi proibida a entrada de novos animais e exigida a esterilização dos gatos de estimação, medidas que visam a extinção da população felina na região.

Para a implementação do plano de ação, os estados australianos criarão leis e as administrações locais terão poderes para criar áreas livres de gatos de forma mais fácil. Segundo Sarah Legge, é uma escolha entre preservar a biodiversidade única do país ou perdê-la para os gatos selvagens. Ela ressalta, no entanto, que é possível conciliar ações de manejo com a sensibilidade dos donos de animais de estimação.

A guerra contra os gatos na Austrália é uma medida necessária para proteger a biodiversidade do país. Espera-se que as restrições aos gatos domésticos e as ações de controle dos felinos ferais ajudem a reverter os danos causados por essa espécie invasora. A população australiana parece estar consciente dos impactos dos gatos e aceitar as medidas para controlá-los, o que pode facilitar a implementação do plano de ação. Resta acompanhar os resultados dessas ações e verificar se elas serão eficazes na proteção da fauna nativa da Austrália.

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