Giorgia Meloni apresenta ambicioso plano de ajuda à África em troca de cooperação em migração durante cúpula em Roma.

Nesta segunda-feira (29), ao participar de uma cúpula em Roma, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, anunciou um ambicioso plano de ajuda à África em troca de uma maior cooperação em migração. O objetivo da conferência era apresentar o chamado Plano Mattei, nome dado em homenagem a Enrico Mattei, fundador da Eni, empresa italiana de energia pública.

Giorgia Meloni revelou que esse plano “pode ter uma dotação inicial de mais de 5,5 bilhões de euros [28,9 bilhões de reais na cotação atual] entre créditos, doações e garantias”, sem especificar por quantos anos esse montante seria distribuído. Este anúncio acontece em um momento em que a Itália preside o G7 e busca se destacar na ajuda para o desenvolvimento africano, em parte para aumentar sua influência em um continente onde outros países, como China, Rússia, Turquia, Índia e Japão, estão ampliando sua presença.

Durante a cúpula, o presidente da Comissão da União Africana (UA), Moussa Faki Mohamat, enfatizou as principais prioridades do continente, que incluem agricultura, infraestrutura, meio ambiente, energia, saúde, educação e digitalização. Georgia Meloni destacou que a conexão dos destinos da Europa e da África e afirmou que estava decidida a cooperar “de igual para igual, longe de qualquer tentação predatória”.

A Itália, que tem uma história de colonização em países africanos, busca estabelecer um novo relacionamento com o continente, contando com a presença de representantes de mais de 25 países africanos e de agências da ONU e de instituições internacionais, como Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial (BM) e Programa Mundial de Alimentos da ONU (PMA).

A proposta italiana visa trabalhar em sinergia para aproveitar os recursos naturais disponíveis na África e para acabar com os fluxos migratórios, principalmente os de africanos, por meio de um plano que abrange também a educação, os sistemas de saúde e o fornecimento de água. No entanto, algumas organizações da sociedade civil africana expressaram preocupação de que o objetivo do plano seja apenas aumentar o acesso da Itália ao gás fóssil africano em benefício da Europa.

Apesar das promessas feitas por Meloni de acabar com a chegada de embarcações do norte da África, os desembarques na Itália aumentaram consideravelmente desde que ela assumiu o cargo em 2022. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, considera que o plano italiano “é complementar” ao da UE, que já apresentou um projeto de ajuda para a África de 150 bilhões de euros em 2022.

Este anúncio é feito em um momento em que a Itália enfrenta um aumento significativo nas chegadas de migrantes ao seu território, o que representa um desafio para a agenda de controle migratório do governo. Por isso, o plano proposto pelo país atrai atenção internacional e gera expectativas sobre o seu impacto na relação entre a Europa e a África.

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