Decisões lentas sobre retirada de conteúdo de IA nas eleições municipais exigem maior celeridade e regulação transparente das redes sociais.

No cenário político brasileiro, a regulamentação das redes sociais e da inteligência artificial (IA) ganha destaque em meio às preocupações com a disseminação de conteúdos falsos e manipulados. A presidente da Comissão Especial de Direito Digital da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Laura Schertel, avalia que uma regulamentação ampla para lidar com essas questões não será aprovada neste ano, o que levanta a questão de como lidar com a falsificação de conteúdos por IA nas eleições municipais de 2024.

Para Laura Schertel, a solução possível seria aplicar com maior agilidade a legislação já em vigor, como a Lei Geral de Proteção de Dados e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados. Ela acredita que esses recursos podem orientar e trazer balizas mais concretas para as eleições municipais deste ano.

A falta de leis gerais sobre o tema é preocupante para o deputado Aureo Ribeiro, que defende a necessidade de maior celeridade no julgamento das denúncias para a retirada de conteúdos falsos da internet durante a campanha. Ele sugere que cada Tribunal Regional Eleitoral conte com pessoal especializado para julgar rapidamente as denúncias de propaganda manipulada, destacando a importância disso diante da influência que o conteúdo das redes sociais pode ter no quadro eleitoral.

Outro ponto de vista é expresso pelo deputado Eduardo Bismarck, que também destaca a importância de retirar conteúdos falsos da rede com rapidez, além de considerar importante prever as responsabilidades das empresas que produzem e veiculam conteúdos na internet na legislação.

A regulamentação da inteligência artificial foi apontada como uma das prioridades para 2024 pelo presidente da Câmara, Arthur Lira. Laura Schertel concorda que o foco na regulação da inteligência artificial e das redes sociais não pode ser deixado de lado, defendendo que a legislação torne as regras do ambiente digital mais transparentes, como exigir das empresas a divulgação dos critérios utilizados para retirar ou promover conteúdos.

A advogada cita como medida positiva a ser considerada no Brasil a recente decisão da União Europeia de proibir redes sociais de personalizarem propaganda com base em dados sensíveis dos usuários. Percebe-se, portanto, que o debate em torno da regulação das redes sociais e da inteligência artificial está em plena efervescência, com diferentes atores políticos e especialistas defendendo a necessidade de aprimoramento das leis e ações para lidar com as questões éticas e sociais geradas pela disseminação de conteúdos falsos e manipulados.

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