O estudo teve como interlocutor no Brasil o programa Sesc Mesa Brasil, do Serviço Social do Comércio (Sesc), que auxiliou os pesquisadores de Harvard a entenderem como as políticas públicas funcionam no país. Uma das recomendações da pesquisa é a adoção de políticas locais e nacionais que exigem a doação de alimentos excedentes, visando evitar o desperdício e garantir que alimentos próprios para consumo sejam direcionados para quem necessita.
O Sesc Mesa Brasil, que atua há 15 anos, recolhe alimentos que seriam desperdiçados e os distribui para pessoas em situação de vulnerabilidade. O programa conta com 3 mil empresas parceiras doadoras e 7 mil entidades assistidas, alcançando cerca de 2 milhões de pessoas mensalmente. Além disso, possui uma rede de 95 bancos de alimentos, sendo a maior rede privada da América Latina.
Uma das recomendações da pesquisa para o Brasil é a implementação de um sistema de rotulagem que diferencie a data de validade baseada na segurança do alimento daquela baseada na qualidade, a fim de evitar o descarte prematuro de alimentos seguros para consumo. Outras sugestões incluem o aumento de deduções fiscais para doações de alimentos e o desenvolvimento de subsídios governamentais para infraestrutura de doação de alimentos.
Emily Broad Leib, professora e diretora da FLPC, destaca que as políticas de doação de alimentos são essenciais para enfrentar as alterações climáticas e a fome. A pesquisa enfatiza a importância de políticas eficazes para minimizar o desperdício de alimentos e garantir o acesso a alimentos seguros e saudáveis para todos os brasileiros.
O Brasil, que atualmente desperdiça 42% de seu abastecimento alimentar, enfrenta desafios significativos em relação à insegurança alimentar. A implementação das recomendações da pesquisa pode contribuir para reduzir o desperdício de alimentos, diminuir as emissões de gases de efeito estufa e alimentar mais pessoas que sofrem com a fome no país. Janaína Cunha, diretora de Programas Sociais do Sesc, ressalta a importância de conscientizar empresas sobre a possibilidade de doação de alimentos e a necessidade de promover hábitos alimentares saudáveis para enfrentar a insegurança alimentar.
Por fim, a pesquisa destaca a relevância de políticas eficazes de doação de alimentos para garantir a segurança alimentar e reduzir o impacto ambiental do desperdício de alimentos. A colaboração entre entidades públicas e privadas, aliada à implementação de recomendações de organizações como a FLPC e a GFN, pode ser fundamental para transformar a realidade alimentar do Brasil e garantir o acesso a alimentos para todos os cidadãos.
