Encerramento da Agência Télam pela Argentina gera preocupações sobre acesso à informação no país, avaliam entidades de comunicação.

A decisão do presidente argentino, Javier Milei, de encerrar as atividades da Agência de Notícias pública Télam, fundada em 1945, tem gerado preocupações em relação ao direito à informação no país sul-americano. Segundo entidades ligadas à comunicação, o fechamento da agência pode restringir o acesso da população a informações diversificadas e plurais.

Na noite de sexta-feira, durante a abertura das sessões do Congresso Nacional, Javier Miler anunciou que seu governo irá fechar a agência Télam, alegando que ela foi utilizada nas últimas décadas como uma agência de propaganda kirchnerista. Essa decisão tem sido recebida com críticas por jornalistas e defensores da liberdade de imprensa.

Para o diretor do escritório da “Repórteres Sem Fronteiras” para a América Latina, Artur Romeu, o fechamento de uma agência de notícias com quase 80 anos de história é lamentável e representa um desrespeito à sociedade argentina. Ele enfatiza a importância da comunicação pública no fortalecimento do pluralismo e na garantia do acesso à informação.

Romeu destaca que a Télam e a Radio Nacional são os únicos meios públicos que possuem correspondentes em todas as províncias do país, o que contribui para uma cobertura jornalística mais abrangente e representativa. Além disso, a presidente da Federação Nacional dos Jornalistas brasileiros, Samira de Castro, alerta que o fechamento da Télam pode fortalecer sistemas de comunicação desinformativos, disseminando uma narrativa ultraliberal de extrema direita.

A avaliação é de que a decisão de Milei reflete uma visão ultraliberal que enxerga o serviço público de comunicação como um gasto do Estado e busca reduzir investimentos nessa área. É importante ressaltar que a defesa da comunicação pública tem sido um tema recorrente no cenário latino-americano, com exemplos de ataques semelhantes no Brasil durante os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro.

Diante desse contexto, entidades como o Sindicato de Imprensa de Buenos Aires têm se posicionado contra o fechamento da Télam, destacando a qualidade e profissionalismo do serviço prestado pela agência ao longo dos anos. Para garantir a autonomia e a pluralidade na comunicação pública, é fundamental que sejam estabelecidos mecanismos de melhorias e ampliação dos recursos disponíveis para modernização dos equipamentos e fortalecimento das estruturas editoriais.

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