Justiça determina acesso de comunidades caiçaras a condomínio em Paraty sem restrições de horário ou condições, em decisão histórica.

A recente decisão da Justiça Federal em relação a um condomínio fechado localizado em Paraty, no sul fluminense, tem gerado polêmica e repercussão. A determinação judicial estabeleceu que o empreendimento deve permitir o trânsito das populações caiçaras pelo seu interior, sem restrições de horário ou imposição de condições.

Essa decisão foi resultado de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal (MPF), com o objetivo de garantir o acesso das comunidades caiçaras aos seus caminhos tradicionais que atravessam o condomínio. Segundo o MPF, o empreendimento foi construído em uma área historicamente utilizada pelos caiçaras da Praia do Sono e de Ponta Negra, o que tem dificultado o acesso a locais essenciais, como o cais da região.

Essa população, de acordo com as alegações do MPF, enfrenta restrições significativas para chegar ao cais devido à interferência do condomínio nos caminhos que conectam as praias do Sono e Ponta Negra à rodovia, onde podem acessar meios de transporte, centros comerciais e serviços públicos.

O líder caiçara Davi Paiva, integrante do Fórum de Comunidades Tradicionais de Paraty, Angra dos Reis e Ubatuba, ressaltou a importância da decisão judicial, destacando a resistência das comunidades caiçaras contra a expulsão de seus territórios e a dificuldade de acesso a serviços básicos.

Além da liberação do trânsito das comunidades caiçaras pelo condomínio, a sentença judicial determinou que o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) demarque e sinalize os caminhos tradicionais, e que a prefeitura de Paraty mantenha um cronograma de coleta de lixo nas praias do Sono e Ponta Negra, com recolha semanal no cais. Além disso, o condomínio foi condenado a pagar uma indenização de R$ 400 mil por danos extrapatrimoniais.

Essa decisão judicial marca um ponto importante na luta das comunidades tradicionais não só de Paraty, mas de todo o Brasil, que enfrentam desafios semelhantes devido a processos de privatização de territórios e restrições de acesso a locais essenciais para suas comunidades. A garantia do acesso dessas comunidades aos seus caminhos tradicionais é vista como um marco importante na preservação da identidade e dos direitos dessas populações.

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