Negociação de venda da Avibras para grupo australiano gera polêmica e críticas sobre impacto na soberania e defesa nacional

Avibras Indústria Aeroespacial, uma empresa brasileira renomada no setor de defesa, está em negociação para venda ao grupo australiano Defendtex. Esta notícia gerou uma série de críticas por parte de sindicatos e especialistas, que apontam os riscos da transferência do controle da empresa para o exterior, colocando em xeque a soberania nacional.

A Avibras, enfrentando uma situação financeira delicada, em recuperação judicial e há mais de um ano sem pagar seus funcionários, é uma das principais empresas do setor de defesa do Brasil, atuando há mais de seis décadas. A confirmação do negócio com o grupo australiano foi divulgada em uma nota durante esta semana, com o intuito de recuperar a situação econômica da Avibras e manter suas operações no Brasil, garantindo o fornecimento de produtos conforme os contratos vigentes.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Weller Gonçalves, classificou a negociação como um “crime de lesa-pátria” e sugeriu a estatização da indústria como alternativa. Para ele, a questão vai além dos aspectos financeiros, incluindo a defesa das fronteiras e a capacidade bélica do país em casos de conflito.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) também expressou sua preocupação com a venda da Avibras, destacando a importância de manter o capital nacional na empresa e preservar a produção local com tecnologia nacional. A CUT também ressaltou a necessidade de resolver o passivo trabalhista da empresa, estimado em R$600 milhões.

Especialistas em defesa alertam para os riscos de aumentar a dependência do Brasil de atores internacionais com a venda da Avibras. A venda de empresas estratégicas de defesa a empresas estrangeiras pode comprometer a soberania nacional e fragilizar a capacidade de defesa do país, como destacado por Eduardo Brick, pesquisador da Universidade Federal Fluminense.

Até o momento, o governo ainda não se manifestou oficialmente sobre a venda da Avibras. Enquanto algumas vozes defendem a importância de manter a empresa sob controle nacional, outros apontam as dificuldades financeiras do governo para estatização. Em meio a esse cenário complexo, os trabalhadores da Avibras aguardam ansiosamente por uma solução que assegure tanto seus salários quanto a continuidade das operações da empresa.

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