Tribunal peruano condena 5 assassinos de líderes indígenas em área da Amazônia na fronteira Brasil-Peru a 28 anos de prisão

Um tribunal peruano proferiu uma sentença histórica nesta quinta-feira (11) ao condenar cinco assassinos dos quatro líderes indígenas Asháninkas a 28 anos e três meses de prisão. Este caso, que chocou o Peru e a comunidade internacional, remonta a um crime ocorrido em 2014, quando Edwin Chota, Jorge Ríos, Leoncio Quintisima e Francisco Pinedo foram brutalmente assassinados em frente aos membros de sua comunidade nativa Alto Tamaya-Saweto.

A juíza Karina Bedoya, do Juizado Penal Colegiado de Ucayali, na cidade de Pucallpa, foi enfática ao declarar a sentença de prisão efetiva aos condenados por coautoria de homicídio qualificado. A decisão foi amplamente comemorada pelos familiares e indígenas Asháninkas presentes na audiência, que carregavam seus arcos e flechas como forma de reivindicação pela justiça.

Os réus, identificados como os irmãos Josimar e Segundo Atachi, José Carlos Estrada, Hugo Soria e Eurico Mapes, foram considerados culpados por ameaçar e assassinar os líderes indígenas em razão de sua luta pela preservação do território e denúncia do desmatamento na região Amazônica.

Este desfecho põe fim a um longo processo judicial que teve início em novembro de 2023 e que contou com reviravoltas, incluindo a anulação da primeira condenação e a realização de um novo julgamento. Além das penas de prisão, a juíza Bedoya determinou que as famílias das vítimas recebam uma indenização de 50 mil sóis cada uma.

O crime, que ficou conhecido como o caso Saweto, gerou uma onda de críticas às autoridades peruanas por sua inação diante das ameaças das máfias dos madeireiros e pela falta de proteção às lideranças indígenas. Edwin Chota, uma figura reconhecida por sua defesa da floresta amazônica, se tornou um símbolo do ativismo ambiental no Peru e internacionalmente.

Organizações como a ONG Global Witness denunciam que, desde 2012, pelo menos 54 defensores da terra e do meio ambiente foram assassinados no Peru, muitos deles pertencentes a etnias indígenas. A sentença aplicada no caso dos líderes Asháninkas representa um marco na luta pela justiça e proteção dos povos indígenas e do meio ambiente na região Amazônica.

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