Nesta semana, um relatório independente de 54 páginas divulgado a pedido do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, revelou que o governo de Israel não apresentou provas de que funcionários da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA) possuem vínculos com organizações terroristas. A investigação, liderada pela ex-ministra dos Negócios Estrangeiros da Europa, Catherine Colonna, em parceria com representantes de institutos de direitos humanos da Suécia, Noruega e Dinamarca, constatou que Israel não forneceu evidências para embasar suas alegações públicas.
O relatório destacou que a UNRWA possui mecanismos mais rigorosos do que outras agências da ONU para garantir a neutralidade política. No entanto, também identificou riscos para essa neutralidade, principalmente relacionados aos materiais educativos utilizados nas escolas da agência e a manifestações políticas de funcionários nas redes sociais.
Após a conclusão da investigação em 13 de fevereiro, que contou com entrevistas a mais de 200 pessoas, incluindo doadores e partes interessadas, António Guterres e Philippe Lazzarini, chefe da UNRWA, aceitaram as 50 recomendações do relatório para aprimorar os mecanismos de neutralidade da agência.
A acusação de Israel contra 12 funcionários da UNRWA por suposta participação em um ataque do Hamas culminou na suspensão do financiamento de 16 países à agência, cortando cerca de US$ 450 milhões. Apesar disso, alguns países retomaram os repasses. O relatório também abordou a importância da UNRWA na prestação de ajuda humanitária aos refugiados palestinos e recomendou melhorias nas práticas educacionais da agência.
Em resposta ao relatório, Lazzarini afirmou que a UNRWA está comprometida em aplicar os valores e princípios humanitários da ONU e desenvolverá um plano de ação para atender às demandas apresentadas. Assim, a agência buscará fortalecer sua neutralidade e continuar prestando assistência aos palestinos em meio aos desafios enfrentados pela população.