Médicos discutem prós e contras do uso da cannabis medicinal no tratamento da dor em pacientes com doenças reumáticas.

O uso da cannabis medicinal para tratar a dor em pacientes com doenças reumáticas ainda é um assunto muito debatido e cheio de dúvidas. Durante o Congresso Brasileiro de Reumatologia, realizado em Goiânia no último fim de semana, médicos se reuniram para discutir os prós e contras do uso da substância para fins medicinais.

A médica reumatologista Selma da Costa Silva Merenlender, integrante da Comissão de Mídias da Sociedade Brasileira de Reumatologia, explicou que a cannabis é uma planta utilizada há aproximadamente 13 mil anos pelo ser humano. É através das flores dessa planta que se extrai o canabidiol, principal produto com indicação medicinal. É importante ressaltar que a dependência está relacionada aos princípios psicoativos do THC, encontrado na maconha, e não ao CBD, presente na cannabis medicinal.

O uso da cannabis tem sido sugerido por médicos e cientistas para o tratamento de algumas doenças, como a epilepsia refratária, que já conta com estudos mais avançados e tem apresentado resultados positivos. Além disso, existem evidências científicas crescentes sobre a utilização da cannabis medicinal para várias indicações neurológicas, reumatológicas, imunológicas, controle de peso, ansiedade e depressão.

No caso das doenças reumáticas, a cannabis medicinal está sendo indicada para o tratamento da dor crônica em condições como fibromialgia, artrite reumatoide, espondilite anquilosante e psoríase. Além de aliviar a dor, a substância promove um equilíbrio no organismo, melhorando a qualidade de vida do paciente.

No entanto, o uso da cannabis medicinal ainda é polêmico e há poucos estudos científicos sobre os resultados e riscos. É necessário que haja uma prescrição médica para a utilização da substância, que atualmente pode ser adquirida em farmácias, por meio de associações ou por importação. Ainda não há uma política de fornecimento gratuito de produtos à base de canabidiol através do Sistema Único de Saúde (SUS), mas existem projetos em tramitação no Congresso Nacional visando garantir o acesso desses pacientes ao SUS.

A médica reumatologista Alessandra de Sousa Braz destaca a importância de mais estudos sobre os efeitos da cannabis medicinal, principalmente no tratamento da dor e nos possíveis efeitos colaterais. Ela ressalta que é necessário conhecer a dose correta e a posologia adequada, além de avaliar os riscos a longo prazo.

Apesar disso, há relatos de pacientes que já utilizam a cannabis medicinal e têm obtido resultados positivos. Silmara Marques Pereira de Souza conta que sua filha de 13 anos, que sofre de lúpus, artrite reumatoide e doença de Crohn, teve uma melhora significativa após o uso da substância.

No entanto, o alto custo da cannabis medicinal é um dos principais obstáculos para o acesso da população brasileira. Selma explica que o preço elevado está relacionado à proibição do cultivo da planta no Brasil, o que torna necessário importar o óleo para a produção dos medicamentos. Silmara espera que a cannabis medicinal chegue ao SUS, para que mais pessoas possam ter acesso ao tratamento.

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