Essas ameaças não são incomuns no Equador, onde as prisões violentas têm se tornado locais de operações para gangues ligadas a cartéis mexicanos e colombianos. Confrontos entre esses grupos criminosos já resultaram na morte de cerca de 460 detentos desde fevereiro deste ano.
Diante desse cenário de violência, o SNAI considera as ameaças de retenção de guardas penitenciários uma intimidação e chantagem ao Estado equatoriano. Para garantir a segurança nas prisões, o organismo solicitou a intervenção da polícia e das Forças Armadas.
Além das ameaças de retenção de guardas, os detentos também têm realizado greves de fome e retido servidores do Corpo de Segurança e Vigilância Penitenciária (CSVP) e funcionários administrativos.
Essa situação é mais um reflexo da grave crise no sistema prisional equatoriano. Nos últimos anos, o país tem enfrentado um aumento significativo da criminalidade e da violência. Sob o governo do presidente Guillermo Lasso, foram apreendidas 526 toneladas de drogas em cerca de dois anos e meio, sendo a maioria destinada à Europa e aos Estados Unidos.
Os homicídios também têm apresentado um aumento alarmante. Entre 2018 e 2022, os casos quadruplicaram, atingindo a taxa de 26 homicídios por cada 100.000 habitantes. De janeiro a setembro deste ano, a taxa de homicídios foi de 33 por cada 100.000 habitantes, e estima-se que esse número chegará a 40 mortes até o final de 2023, de acordo com o Observatório Equatoriano de Crime Organizado.
Diante desse cenário de violência e instabilidade, é fundamental que o governo equatoriano adote medidas efetivas para garantir a segurança nas prisões e combater o crime organizado. A intervenção da polícia e das Forças Armadas pode ser um primeiro passo nesse sentido, mas é essencial que haja um maior investimento em políticas de prevenção, reabilitação e ressocialização dos detentos para combater a reincidência criminal e promover a segurança da sociedade como um todo.