Toledo, de 77 anos, dirigiu-se ao tribunal com a voz embargada para suplicar que pudesse se defender em liberdade devido à sua saúde debilitada. Ele sugeriu a possibilidade de prisão domiciliar, caso não fosse permitido que deixasse a prisão. No entanto, a audiência foi transmitida apenas pelo canal do Poder Judiciário e a imprensa não teve acesso.
O ex-presidente citou como exemplo a situação legal de outros dois ex-presidentes peruanos, Pedro Pablo Kuczynski e Ollanta Humala, ambos respondendo em liberdade em outros processos relacionados ao escândalo da Odebrecht. Toledo ressaltou a importância de ter acesso a uma clínica para o tratamento do câncer, embora não tenha especificado o tipo de câncer que enfrenta.
Toledo está detido desde abril, cumprindo 18 meses de prisão preventiva em uma pequena prisão para ex-presidentes, localizada no leste de Lima. Ele foi extraditado pelos Estados Unidos para enfrentar as acusações de ter recebido propina no valor de 35 milhões de dólares da Odebrecht. O Ministério Público solicitou uma pena de 20 anos e seis meses de prisão por conluio e lavagem de dinheiro em prejuízo do Estado.
Segundo a acusação, a propina recebida por Toledo possibilitou à Odebrecht obter uma concessão para a construção de um trecho da rodovia Interoceânica Sul, que liga o Peru ao Brasil. No entanto, o ex-presidente nega todas as acusações desde que a Odebrecht revelou um esquema de corrupção em 2016.
É importante ressaltar que o escândalo da Odebrecht atingiu outros ex-presidentes peruanos, como Alan García, que se suicidou em 2019 antes de ser detido, Ollanta Humala e Pedro Pablo Kuczynski.
Toledo espera agora que sua solicitação de saída da prisão seja atendida, para que possa receber o tratamento necessário para combater o câncer. O tribunal terá que decidir sobre seu pedido nos próximos dias. A situação do ex-presidente ilustra mais um capítulo do escândalo de corrupção envolvendo a construtora Odebrecht e seus impactos no Peru.