Nova missão da Marinha, com 1,9 mil militares, atua em portos e aeroportos para combater tráfico de armas e drogas.

O vice-almirante Renato Rangel Ferreira, comandante da Área de Operações da Marinha, ressaltou a singularidade da nova missão de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) durante a apresentação da operação nesta segunda-feira (6). Ele anunciou que cerca de 1,9 mil militares foram mobilizados e estão sendo utilizados diversos equipamentos, como navios-patrulha, embarcações e viaturas blindadas.

Essa GLO específica, denominada “GLO do Mar”, concentra seus esforços nos portos e no mar em geral. A missão foi definida pelo Decreto 11.765, recentemente assinado pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva. Os militares serão responsáveis por atuar de forma preventiva e repressiva nos portos do Rio de Janeiro, Itaguaí (RJ) e Santos (SP), bem como nos aeroportos internacionais de Guarulhos (SP) e Galeão (RJ). O objetivo principal é apoiar ações de combate ao tráfico de armas, drogas e outros tipos de crimes.

Essa GLO foi decretada como resposta aos recentes episódios de violência e insegurança pública no Rio de Janeiro. O governador Cláudio Castro solicitou ajuda federal após operações das polícias civil e militar que visavam líderes do Comando Vermelho. Essas ações resultaram na morte de três médicos em um quiosque na Barra da Tijuca. As investigações mostraram que as vítimas foram mortas por engano, confundidas com milicianos.

Além disso, armas furtadas do Exército em Barueri (SP) foram encontradas na capital fluminense e ocorreram ataques incendiários a ônibus e um trem na zona oeste do Rio de Janeiro após a morte de um miliciano durante confronto com a polícia.

A participação da Marinha nessa GLO ocorre por meio da operação Lais de Guia. Segundo o vice-almirante Renato Rangel Ferreira, a patrulha nos portos já faz parte das atribuições dos militares, mas a missão permite uma ampliação das atividades, autorizando o emprego de tropas em ações específicas.

A área de atuação da Marinha abrange a Poligonal do Porto Organizado, que inclui o cais, os armazéns e partes do espelho d’água. Essa delimitação permite que qualquer movimentação na Baía de Guanabara seja detectada pelos militares. Também foi explicado que a inclusão do Porto de Santos na missão, em vez do Porto de Paranaguá (PR), se deve à interligação entre o crime organizado que atua nos dois portos.

As GLOs, previstas na Constituição Federal, concedem às Forças Armadas autonomia para atuar com poder de polícia em situações de perturbação da ordem. Desde 1992, já foram realizadas 145 missões dessa natureza no país, com ênfase na segurança pública durante greves de policiais militares, grandes eventos e processo eleitorais.

A nova missão de GLO nos portos e aeroportos do Rio de Janeiro e de São Paulo ocorrerá até maio de 2024 e não interferirá nas ações das forças de segurança estaduais. Um comitê de acompanhamento das ações de segurança foi criado, coordenado pelos ministros da Justiça e da Defesa.

Além disso, a Marinha atuará em conjunto com a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários e a Receita Federal. Os principais portões dos portos do Rio de Janeiro, Itaguaí e Santos já foram ocupados pelos militares, que já começaram as operações de inspeção e vasculhamento.

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