Ucrânia desmantela rede de espiões russos, em meio a mudanças no governo e dificuldades para manter apoio militar e financeiro.

O Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) anunciou nesta terça-feira desmantelou uma rede de espiões operada pela Rússia dentro do país, com o objetivo de obter informações sobre as Forças Armadas e sobre instalações energéticas consideradas estratégicas. As detenções ocorrem em um momento complicado para a Ucrânia na guerra, e em meio a mudanças iminentes no governo. De acordo com o comunicado do SBU, entre os cinco homens presos havia “ex-funcionários da Direção Principal de Inteligência do Ministério da Defesa e do Serviço de Inteligência Estrangeira da Ucrânia, bem como um funcionário do departamento regional” do próprio Serviço de Segurança.

A rede de espiões havia operado desde os primeiros momentos da invasão russa, em fevereiro de 2024, e usava diversos meios para repassar as informações, incluindo através de pessoas que conseguiam transitar entre os dois países e levar os dados sigilosos ao contato do lado russo. Entre as informações obtidas pelos espiões estão rotas usadas para o transporte de armas cedidas pelo Ocidente, dados sobre os sistemas de segurança das centrais nucleares de Rivne e Khmelnytsky, além de detalhes sobre a “geolocalização de fortificações e barreiras de proteção perto da costa de Odessa”.

Os espiões recebiam dinheiro do FSB, mas alguns deles foram obrigados pelos agentes russos a espionar contra o próprio país, incluindo através de ameaças a parentes. Até agora, o governo russo não se manifestou sobre as prisões dos cinco homens detidos.

Segundo o SBU, os cinco homens devem ser processados por traição, e a pena pode chegar a até 15 anos de prisão. As prisões ocorrem em um momento complexo para as autoridades ucranianas, enquanto a Rússia tem intensificado seus ataques aéreos contra áreas urbanas, posições militares e infraestruturas estratégicas ao redor do país.

Ao mesmo tempo, a Ucrânia enfrenta dificuldades entre seus aliados para manter os níveis de apoio militar e financeiro. Na Europa, a aprovação de um pacote de € 50 bilhões enfrentou oposição da Hungria, e nos EUA, a oposição republicana vem bloqueando um outro pacote, de US$ 60 bilhões. O presidente Volodymyr Zelensky tem tornado públicas suas queixas sobre integrantes do governo, e uma ampla reforma na liderança militar e civil do país é vista como necessária para revitalizar os esforços de guerra.

No entanto, a troca no comando militar ucraniano poderá ser usada pelos russos como uma ferramenta de propaganda, para mostrar o que consideram ser aspectos “antidemocráticos e ditatoriais” de Zelensky.

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