Biden suspende deportação de palestinos por 18 meses, gerando críticas e elogios de aliados e eleitores nos EUA

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou que vai suspender por pelo menos 18 meses a deportação de palestinos, usando uma regra que abre caminho para a permanência deles no território americano por “razões humanitárias”. A medida vem após meses de críticas ao democrata por sua postura na guerra em Gaza, onde presta apoio quase incondicional a Israel nos combates contra o grupo terrorista Hamas.

A decisão foi publicada pela Casa Branca por meio de um memorando, onde Biden afirma que as “condições humanitárias nos territórios palestinos, especialmente em Gaza, se deterioraram significativamente”. Ele também afirmou que, embora esteja focado na melhora da situação humanitária, reconhece que “muitos civis continuam em perigo”. Nesse sentido, o presidente usou um mecanismo chamado Partida Forçada Adiada, que permite que pessoas de regiões onde há crises humanitárias, como Gaza, permaneçam nos EUA mesmo após uma ordem de deportação.

O conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, informou que pessoas condenadas por algum delito, que seja considerada uma ameaça à segurança pública ou que retornem voluntariamente aos territórios palestinos não terão direito à permanência por mais 18 meses. Estima-se que cerca de seis mil palestinos nos EUA poderão ser beneficiados com a decisão de Biden.

A reação à medida anunciada por Biden foi ampla. Abed Ayoub, diretor-executivo da Comissão Árabe-Americana Antidiscriminação, afirmou ao New York Times que a situação em Gaza e na Palestina não está melhorando, e a medida é bem-vinda para a comunidade. No entanto, a decisão do presidente acontece em um momento complicado para ele entre aliados, especialmente após o apoio quase incondicional a Israel durante os combates na guerra de Gaza. Essa postura tem provocado críticas entre eleitores que lhe deram votos cruciais para a vitória em 2020, como a comunidade árabe-americana, os mais jovens e os representantes de alas progressistas.

Pesquisas recentes apontam que muitos eleitores cogitam sequer sair de casa em novembro, quando Biden deve enfrentar novamente o ex-presidente Donald Trump, que já prometeu expulsar imigrantes, legais ou não, que sejam considerados apoiadores do Hamas. E um deputado do partido de Trump, Ryan Zinke, também apresentou um projeto de lei para revogar vistos de palestinos e impedir que sejam recebidos como refugiados nos EUA.

É importante destacar que Biden tem dado sinais críticos à forma como Israel conduz a campanha militar contra o Hamas. Na semana passada, o presidente deixou escapar que a reação israelense foi “exagerada”. Nos bastidores, alguns de seus assessores têm apontado “excessos” cometidos pelo governo de Benjamin Netanyahu. No começo do mês, a Casa Branca anunciou sanções contra quatro colonos israelenses acusados de cometer e incitar atos de violência contra palestinos na Cisjordânia, o que provocou reações “inapropriadas” e “altamente problemáticas” por parte de Netanyahu.

Assim, a suspensão das deportações de palestinos nos EUA por pelo menos 18 meses é uma medida que tem impacto político significativo, não apenas no território americano, mas também nas relações entre os EUA, Israel e Palestina. Como reflexo, provoca reações e posicionamentos tanto em relação à comunidade palestina quanto ao governo israelense, e pode influenciar de forma relevante as próximas eleições presidenciais americanas.

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