Procuradoria da Venezuela divulga “evidência” de vínculos de ativista com plano para assassinar Nicolás Maduro

A polícia da Venezuela divulgou, nesta segunda-feira (19), supostas evidências de vínculos da ativista Rocío San Miguel com um plano para assassinar o presidente Nicolás Maduro. As alegações foram reveladas pelo procurador-geral, Tarek William Saab. Foram expostos mapas e computadores apreendidos e fragmentos de uma “ordem de operação” confiscada de um militar preso, que teria mencionado explicitamente o nome de Rocío San Miguel.

De acordo com os trechos divulgados, San Miguel devia realizar contatos com veículos de comunicação para divulgar “adiantamentos da operação”, gerar “afinidade comunicacional com a população militar” e “coordenar” a defesa de oficiais envolvidos através da ONG que dirige, a Control Ciudadano. Além disso, seria especializada em temas relacionados com a Força Armada.

Os Estados Unidos e a União Europeia expressaram “preocupação” com a prisão da ativista, enquanto organizações de defesa dos direitos humanos denunciaram “uma escalada” contra a sociedade civil em um ano em que estão previstas eleições presidenciais. O governo de Maduro ordenou a suspensão das atividades do Escritório do Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos em Caracas, que também havia questionado a prisão.

Os mapas apreendidos em uma batida na residência de San Miguel continham sedes militares “demarcadas”, ressaltou Saab. Um dos advogados de defesa, Joel García, informou que esses mapas eram usados por ela quando dava aulas em institutos militares e remontavam ao fim da década de 1990.

O procurador acusou a ativista de receber “pagamentos” de “uma transnacional petroleira” que não foi mencionada e de agir como “agente” de embaixadas estrangeiras. Segundo Saab, a ‘Operação Bracelete Branco’ contemplava um ataque a brigadas militares no estado de Táchira (fronteiriço com a Colômbia) com o objetivo de “se apoderar de seu parque de armas” e “iniciar uma escalada violenta” que terminaria com o “magnicídio” de Maduro. Buscava-se, segundo ele, obter 482 fuzis AK-103, 51 pistolas e 10 escopetas.

Ao rejeitar as denúncias de “desaparecimento forçado”, o procurador assegurou que San Miguel recebeu a visita de familiares no fim de semana passado.

A prisão da ativista e as alegações feitas pelo procurador-geral representam mais um capítulo na tensão política na Venezuela e nos conflitos entre o governo de Maduro e a oposição, tanto interna quanto internacional. Mais do que um caso isolado, a prisão de Rocío San Miguel está inserida em um contexto mais amplo de violações dos direitos humanos e de restrições às liberdades civis no país sul-americano. A repercussão dessas alegações e a forma como o governo venezuelano lidará com essa situação prometem ser fonte de intensos debates e críticas nos próximos dias.

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