Advogados do governo dos EUA negam motivação política em extradição de Julian Assange e aguardam sentença do tribunal de Londres.

Nos Estados Unidos, os advogados do governo negaram a motivação política no pedido de extradição apresentado contra Julian Assange, fundador do WikiLeaks. Ele é acusado de espionagem em um julgamento que aguarda sentença após a apreciação do recurso contra a entrega.

Os magistrados informaram que vão levar algum tempo para deliberar e, por isso, Assange poderia ter que aguardar semanas ou meses até saber se sua apelação foi deferida pela justiça do Reino Unido, após a vista de dois dias encerrada nesta quarta-feira.

Neste último dia de vista, os advogados do governo dos Estados Unidos tentaram responder os argumentos da defesa, que afirmou que as acusações contra Assange tinham base política. O fundador do WikiLeaks apresentou um recurso à decisão do governo britânico, que aceitou em 2022 extraditá-lo aos Estados Unidos. Se for entregue, Assange poderia ser condenado a uma pena de até 175 anos de prisão.

Após se sentir indisposto na véspera, o australiano de 52 anos tampouco esteve presente no segundo e último dia de audiência. “Ele publicou de forma indiscriminada e consciente ao mundo os nomes de pessoas que atuaram como fontes de informação para os Estados Unidos”, disse Clair Dobbin, uma das advogadas do governo dos Estados Unidos, perante o Tribunal Superior de Justiça de Londres.

A defesa de Assange havia recorrido na terça-feira à liberdade de informação como base de sua argumentação. Os advogados dos Estados Unidos, por sua vez, responderam nesta quarta que Assange “pôs vidas em risco”. Após a vista, dois magistrados, Victoria Sharp e Jeremy Johnson, vão decidir, em data ainda indeterminada, se o Reino Unido entrega o fundador do WikiLeaks aos Estados Unidos.

A ONG Repórteres sem Fronteiras destacou que “não ouvimos nada novo da representação legal do governo dos Estados Unidos nesta audiência”. “Ao invés de abordar os argumentos convincentes apresentados pela defesa na véspera, mantiveram suas afirmações de que as ações de Assange não eram uma atividade jornalística e que terá um julgamento justo”, acrescentou a RSF.

Se Assange for bem sucedido neste julgamento, provavelmente terá que enfrentar outra audiência no Reino Unido, em data ainda não determinada, para confirmar que não será extraditado. Caso o tribunal londrino confirme a extradição nas próximas semanas, Assange ainda teria como último recurso o Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH). O fundador do WikiLeaks teria duas semanas, segundo seus advogados, antes de a extradição ser efetivada, para apresentar o recurso ao TEDH.

Stella Assange, esposa de Julian, afirmou que a saúde dele está piorando, tanto fisicamente quanto mentalmente. Em janeiro de 2021, um tribunal britânico rejeitou, em um primeiro momento, o pedido de extradição para os Estados Unidos. A apelação americana fez com que, em dezembro de 2021, a Justiça britânica anulasse a primeira decisão e abrisse caminho para a extradição.

A apelação de Assange foi infrutífera e, em abril de 2022, um tribunal britânico autorizou a extradição, aceita dois meses depois pelo governo britânico. A decisão final ainda está para ser tomada, e a vida de Assange fica em jogo à medida que o futuro de sua extradição é decidido.

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