Aumento da polarização política: manifestações da direita no Brasil estão cada vez mais à direita, aponta pesquisa da USP.

Há 10 anos, pesquisadores e estudantes da Universidade de São Paulo (USP) dedicam-se a investigar a polarização política no Brasil, e os dados coletados apontam para um cenário em que as manifestações da direita estão se tornando cada vez mais extremistas. Essa tendência foi mais uma vez evidenciada no último ato em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, que está sob investigação por suspeita de articulação de um golpe de Estado no país.

O Grupo de Políticas Públicas para o Acesso à Informação (GPoPAI) da USP criou o Monitor do Debate Político no Meio Digital para realizar esse estudo, contando com a participação de acadêmicos de diversas áreas de conhecimento, desde alunos de mestrado da Matemática até especialistas em História, Letras e Comunicação Social.

Os resultados das pesquisas realizadas durante a manifestação do último domingo na Avenida Paulista revelaram um aumento significativo na adesão ao movimento, com a maioria dos presentes se autodeclarando como “de direita” e conservadores. Esse fenômeno, denominado bolsonarismo, vem ganhando força entre os apoiadores do ex-presidente.

O coordenador do GPoPAI, Marcio Moretto, destacou a mudança de perfil dos participantes das manifestações, apontando que o bolsonarismo não se enquadra exatamente no conservadorismo, mas sim em uma postura reacionária, que busca resgatar valores do passado. Ele também ressaltou a presença de símbolos ligados a Israel entre os manifestantes, relacionando essa atitude com a cultura judaico-cristã e estratégias de apoio do Estado de Israel aos evangélicos.

Os dados levantados durante a pesquisa mostraram que a maioria dos presentes na manifestação eram homens brancos com mais de 45 anos, com curso superior e residentes na região metropolitana de São Paulo. No entanto, Moretto alertou que esse perfil não representa a totalidade da população paulistana e brasileira, uma vez que o acesso à Avenida Paulista é restrito e a maioria da população reside nas periferias.

Além disso, a pesquisa apontou a postura dos manifestantes em relação a questões como decretação de estado de sítio, arbitragem das Forças Armadas e operação Garantia da Lei e da Ordem, indicando um posicionamento contrário a essas medidas. Esses dados sugerem que grande parte dos participantes estava defendendo Bolsonaro como uma alternativa ao PT, sem necessariamente apoiar ações golpistas.

Por fim, Marcio Moretto ressaltou a importância da regulamentação das redes sociais no Brasil para garantir mais transparência e acesso às informações, considerando que a monitorização dessas mídias tem se tornado cada vez mais desafiadora. O estudo realizado pelo GPoPAI evidenciou a complexidade do cenário político atual e a necessidade de compreender as motivações e comportamentos dos diferentes grupos sociais envolvidos nessas manifestações.

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