A queda nas ações foi atribuída por analistas do mercado financeiro à decisão da empresa de reter os dividendos extraordinários, no valor de R$ 43,9 bilhões, adiando o pagamento desses recursos para o futuro. Os dividendos representam a parte do lucro que é distribuída aos acionistas da empresa.
Para entender melhor essa movimentação, especialistas em economia e mercado de petróleo foram consultados. Eric Gil Dantas, economista do Observatório Social do Petróleo, destacou que a reação negativa do mercado pode ser vista como uma pressão para que a Petrobras pague os dividendos de forma imediata, mesmo sendo a maior pagadora de dividendos do Brasil. Dantas ressaltou que a empresa ficou apenas atrás da Exxon em volume de fluxo de caixa livre em 2023.
Mahatma Ramos, diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Ineep), comentou que a reação negativa do mercado reflete o descontentamento de alguns acionistas de curto prazo com a proposta de distribuição dos dividendos. Ele defendeu que a Petrobras continua sendo uma empresa lucrativa e sólida financeiramente, pagando dividendos robustos.
O economista André Roncaglia, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), enfatizou que a reação do mercado está ligada ao fato da Petrobras estar atuando de maneira mais alinhada com seus objetivos privados e públicos, adotando uma postura de longo prazo em seus investimentos.
A diretoria da Petrobras propôs reter todo o valor dos dividendos extraordinários em um fundo de reserva, visando análises mais detalhadas para os próximos anos de forte investimento. Essa proposta ainda precisa ser aprovada pela Assembleia Geral Ordinária dos acionistas da empresa.
Além disso, a retenção dos dividendos pode contribuir para aumentar o colchão de liquidez da Petrobras, reduzindo incertezas no mercado e permitindo à empresa acesso a juros mais baixos. Mesmo com a frustração de alguns investidores, a empresa segue firme em sua estratégia de desenvolvimento sustentável a longo prazo.
