Ministra da Saúde afirma que não interferirá na decisão do CFM sobre aborto em casos de estupro, gerando polêmica.

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou nesta sexta-feira que o Ministério da Saúde não irá interferir na decisão do Conselho Federal de Medicina (CFM) em relação à proibição da assistolia fetal para interrupção de gravidez de casos de estupro, desde que haja possibilidade de sobrevida do feto. Em um evento realizado no Rio de Janeiro, a ministra destacou que o ministério respeitará o que está definido legalmente, mantendo o cuidado e acolhimento às gestantes.

A decisão do CFM, tomada em março e publicada recentemente, gerou críticas de entidades que defendem o direito de escolha das mulheres. A assistolia fetal é um procedimento em que drogas são administradas para provocar a morte do feto, sendo geralmente seguido pela retirada do feto do corpo da mulher.

A resolução do CFM proíbe os médicos de realizarem a assistolia fetal em casos de estupro em que o feto tenha possibilidade de sobrevivência após 22 semanas de gestação. Essa medida, no entanto, não se aplica a outras condições em que o aborto é autorizado por lei, como risco de vida para a gestante ou fetos com anencefalia.

A literatura médica considera viável um feto com 25 semanas de gestação e 500 gramas, com chances de sobrevivência fora do útero. Entre as semanas 23 e 24, a sobrevivência é discutível em termos de qualidade de vida, enquanto até a 22ª semana o feto é considerado inviável.

Entidades defensoras do aborto previsto em lei temem que a resolução do CFM seja um obstáculo para vítimas de violência sexual que buscam procedimentos seguros. A questão levanta debates sobre os direitos das mulheres, a proteção da vida do feto e a complexidade ética e moral envolvida nesses casos.

A posição do Ministério da Saúde de não intervir na decisão do CFM reflete a preocupação em seguir o arcabouço legal existente, enquanto mantém o compromisso com o cuidado e o bem-estar das gestantes. Essa questão continuará a ser debatida e acompanhada de perto por diversos setores da sociedade e entidades relacionadas à saúde e aos direitos das mulheres.

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