Barco com destino às Ilhas Canárias, na Espanha, encontrado no litoral paraense com corpos de migrantes africanos, alerta Polícia Federal.

Embarcação encontrada no litoral paraense tinha como destino as Ilhas Canárias, na Espanha, segundo a Polícia Federal (PF). A investigação aponta que o barco, construído artesanalmente e sem equipamentos de navegação, provavelmente partiu da Mauritânia, na África, e acabou sendo levado por correntes marítimas em direção ao Brasil. No navio, foram encontrados nove corpos, mas suspeita-se que pelo menos 25 pessoas estavam a bordo.

A PF informou que os corpos e os objetos encontrados indicam que as vítimas eram migrantes originários da Mauritânia e Mali, mas não descarta a possibilidade de haver outras nacionalidades entre elas. Este não é um caso isolado, pois em 2021, três corpos em decomposição foram encontrados em uma embarcação no litoral do Ceará.

A Organização Internacional das Nações Unidas para as Migrações no Brasil (OIM) manifestou pesar pelas mortes e destacou a necessidade de promover rotas migratórias seguras e regulares, além de reforçar as capacidades de busca e resgate. O relatório da OIM revela que mais de 64 mil pessoas morreram ou desapareceram em trajetórias migratórias entre 2014 e 2023, sendo que a maioria das mortes está relacionada a afogamentos.

Em 2023, foram registradas pelo menos 1.866 mortes de migrantes africanos, um aumento em relação aos 1.031 óbitos registrados em 2022. As rotas mais utilizadas pelos migrantes são a travessia do Deserto do Saara para o norte da África e a rota do Atlântico em direção às Ilhas Canárias. Um terço dos migrantes vêm de países em conflito, como o Mali.

O Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) também lamentou as mortes e ressaltou a importância de uma abordagem integrada entre os países para apoiar pessoas deslocadas à força. O Mali e a Mauritânia, países de origem das vítimas encontradas no Brasil, enfrentam desafios relacionados a instabilidade política e violência de grupos armados.

A Mauritânia serve como rota de escape para migrantes do Mali, já que este último não tem saída para o mar. O Acnur reforçou a necessidade de fortalecer os sistemas de asilo nos países de destino e de abordar os desafios do deslocamento forçado em todas as etapas da rota migratória.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo