A PF informou que os corpos e os objetos encontrados indicam que as vítimas eram migrantes originários da Mauritânia e Mali, mas não descarta a possibilidade de haver outras nacionalidades entre elas. Este não é um caso isolado, pois em 2021, três corpos em decomposição foram encontrados em uma embarcação no litoral do Ceará.
A Organização Internacional das Nações Unidas para as Migrações no Brasil (OIM) manifestou pesar pelas mortes e destacou a necessidade de promover rotas migratórias seguras e regulares, além de reforçar as capacidades de busca e resgate. O relatório da OIM revela que mais de 64 mil pessoas morreram ou desapareceram em trajetórias migratórias entre 2014 e 2023, sendo que a maioria das mortes está relacionada a afogamentos.
Em 2023, foram registradas pelo menos 1.866 mortes de migrantes africanos, um aumento em relação aos 1.031 óbitos registrados em 2022. As rotas mais utilizadas pelos migrantes são a travessia do Deserto do Saara para o norte da África e a rota do Atlântico em direção às Ilhas Canárias. Um terço dos migrantes vêm de países em conflito, como o Mali.
O Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) também lamentou as mortes e ressaltou a importância de uma abordagem integrada entre os países para apoiar pessoas deslocadas à força. O Mali e a Mauritânia, países de origem das vítimas encontradas no Brasil, enfrentam desafios relacionados a instabilidade política e violência de grupos armados.
A Mauritânia serve como rota de escape para migrantes do Mali, já que este último não tem saída para o mar. O Acnur reforçou a necessidade de fortalecer os sistemas de asilo nos países de destino e de abordar os desafios do deslocamento forçado em todas as etapas da rota migratória.