Relatório independente desmente acusações de Israel sobre funcionários da UNRWA com terroristas e destaca mecanismos de neutralidade da agência

Um relatório independente de 54 páginas concluiu que o governo de Israel não apresentou provas de que funcionários da Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA) tenham relação com organizações terroristas. O documento, preparado pela ex-ministra dos Negócios Estrangeiros da Europa, Catherine Colonna, em colaboração com representantes de institutos de direitos humanos da Suécia, Noruega e Dinamarca, foi solicitado pelo secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres.

Segundo o relatório, Israel acusou publicamente um número significativo de funcionários da UNRWA de serem membros de organizações terroristas, porém não forneceu evidências que comprovem essas alegações. O parecer também destaca que a UNRWA possui mecanismos mais avançados do que outras agências da ONU para garantir a neutralidade política, embora tenha identificado riscos nesse aspecto, principalmente em relação a materiais educativos usados nas escolas da agência e manifestações políticas de funcionários nas redes sociais.

Após a investigação, foram feitas 50 recomendações para melhorar os mecanismos de neutralidade da UNRWA, as quais foram aceitas pelo chefe da agência, Philippe Lazzarini, e pelo secretário-geral da ONU. O relatório ressaltou que a UNRWA é essencial para prestar ajuda humanitária aos refugiados palestinos e destacou a importância de aprimorar a transparência na comunicação com os doadores.

No final de janeiro de 2024, Israel acusou doze funcionários da UNRWA de participarem de um ataque realizado pelo Hamas contra Israel. Como resultado, 16 países suspenderam o financiamento da agência, cortando cerca de US$ 450 milhões de sua verba. Alguns países, como Canadá e Suécia, retomaram os repasses após investigações e exonerações de funcionários acusados.

O relatório recomendou a criação de uma unidade para investigação de neutralidade dentro da UNRWA, a formação do pessoal e novas regras para seleção de funcionários. Também sugeriu a revisão dos conteúdos dos livros didáticos usados nas escolas da agência, visando combater discursos de ódio e antissemitismo.

Philippe Lazzarini afirmou que a UNRWA está comprometida em aplicar os valores e princípios humanitários da ONU e que as recomendações do relatório fortalecerão os esforços da agência durante este período desafiador para o povo palestino. A organização desenvolverá um plano de ação para implementar as medidas sugeridas pelo relatório independente.

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