General Augusto Heleno se recusa a responder questionamentos em reunião da CPMI e gera polêmica sobre participação nos governos militares.

O general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), compareceu à CPMI do 8 de Janeiro para prestar depoimento como testemunha. No entanto, amparado por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Heleno negou-se a responder a 14 perguntas formuladas pelos parlamentares.

Das 14 questões não respondidas, 12 foram feitas pela senadora Ana Paula Lobato (PSB-MA), que indagou sobre a participação do general nos governos militares iniciados após o golpe de 1964. A parlamentar questionou se Heleno é partidário da tese que advoga o poder moderador das Forças Armadas, levando em consideração a declaração do ex-ministro em agosto de 2021 de que haveria previsão constitucional para intervenção militar.

Durante a reunião, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) destacou a participação do ex-ministro no governo militar pós-1964. Ele expressou sua insatisfação ao ver um depoente que esteve presente durante um regime que praticou prisões, torturas e assassinatos contra aqueles que se opunham a ele. Carvalho mencionou a impunidade e a falta de punição para esses crimes, e apontou Heleno como um retrato dessa impunidade.

Além disso, o general Augusto Heleno também se recusou a responder a uma pergunta do deputado Rubens Pereira Junior (PT-MA) sobre sua participação em uma reunião entre o então presidente Jair Bolsonaro e os comandantes das forças armadas em novembro do ano passado. Segundo informações citadas pelos parlamentares, essa reunião teria abordado a possibilidade de um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Outra pergunta sem resposta foi feita pelo deputado Rogério Correia (PT-MG), que quis saber se o ex-ministro participou de uma reunião em agosto de 2022 entre Bolsonaro e o hacker Walter Delgatti Neto, na qual teriam discutido a segurança das urnas eletrônicas.

Na CPMI do 8 de Janeiro, dos 12 parlamentares que interpelaram o general Augusto Heleno, apenas dois fazem oposição ao governo: os senadores Izalci Lucas (PSDB-DF) e Eduardo Girão (Novo-CE). Ambos criticaram o governo federal por não ter tomado as medidas necessárias para evitar os ataques ocorridos no dia 8 de janeiro. Izalci Lucas questionou a inação do general Marco Edson Gonçalves Dias, atual comandante do GSI, diante dos 11 alertas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) recebidos sobre os possíveis ataques.

Para os dois senadores opositores, a omissão do governo Lula em proteger o patrimônio e a falta de ação do comandante do GSI contribuíram para a ocorrência dos ataques. Eles enfatizaram a importância do ministro do GSI em garantir a segurança do Palácio Planalto e questionaram o destino das informações da Abin, sugerindo que elas podem ter sido ignoradas ou negligenciadas por alguém com poder de decisão.

O depoimento do general Augusto Heleno na CPMI do 8 de Janeiro tem gerado diversos questionamentos, tanto sobre seu papel durante os governos militares como sobre sua suposta participação em reuniões estratégicas nos últimos anos. No entanto, as respostas para essas perguntas ainda não foram esclarecidas.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo