A questão é delicada e se arrasta há mais de duas décadas, tornando-se um dos principais pontos de tensão entre Grécia e Reino Unido. Além das esculturas de deuses gregos e outros painéis de frisos esculpidos que decoravam o famoso templo, a questão agora envolve as relações diplomáticas entre os dois países. A Grécia alega que as esculturas foram roubadas quando o país estava sob ocupação otomana e pede a devolução das obras.
A devolução das obras, porém, tem gerado polêmica no Reino Unido. Segundo o governo britânico, as peças foram adquiridas legalmente em 1802 pelo diplomata Lorde Elgin, que era embaixador junto ao Império Otomano e as vendeu ao Museu Britânico. O governo britânico entende que as obras são um patrimônio importante para o Reino Unido e defende que as esculturas foram salvaguardadas por “gerações”.
A situação se complicou após a abrupta decisão de Sunak cancelar a reunião com Mitsotakis após o pedido de devolução das obras por parte do primeiro-ministro grego, feito em aparição na televisão britânica. Mitsotakis mostrou-se preocupado com a divisão das obras entre o Museu Britânico em Londres e o Novo Museu da Acrópole na capital grega e comparou a situação a “cortar a Mona Lisa ao meio e dividi-la entre dois museus”.
A Grécia propôs que a devolução seja feita de forma gradual em um acordo onde as obras seriam enviadas para Londres e depois devolvidas a Atenas. O Reino Unido, no entanto, propôs apenas o envio de uma parte menor do friso para Atenas e outras esculturas, mas apenas por períodos curtos. A Grécia não aceitou a proposta, o que culminou no cancelamento da reunião com Sunak.
A decisão do governo britânico gerou uma onda de indignação e críticas nas mídias sociais gregas, com políticos do país manifestando preocupações e desapontamento. A questão dos mármores do Parthenon parece ter se tornado um ponto de conflito entre o Reino Unido e a Grécia, podendo afetar as relações diplomáticas bilaterais entre os dois países. A troca de acusações entre os governos de ambos os países sobre a pauta do encontro cancelado pode agravar ainda mais a situação.
Com a provável realização de uma eleição geral no Reino Unido no próximo ano, as esculturas do Parthenon se tornaram mais um ponto de conflito entre os conservadores e o Partido Trabalhista, que atualmente lidera as pesquisas de intensão de voto com cerca de 20 pontos de vantagem, o que torna a questão ainda mais delicada. A preocupação em ambos os lados é que a situação de tensão entre Grécia e Reino Unido comprometa as relações diplomáticas durante um momento em que a economia global e divisões internas no país têm sido uma preocupação para ambas as partes.