Em Brumadinho, manifestação homenageia vítimas do rompimento de barragem da Vale e cobra justiça para atingidos.

Famílias e atingidos promovem ato em memória das 272 vítimas de Brumadinho

Como acontece anualmente, a comunidade atingida pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG) realizou um grande ato em homenagem às vítimas nesta quinta-feira (25). Além de homenagear aqueles que perderam suas vidas, o evento teve como objetivo cobrar por uma reparação justa e a punição dos responsáveis.

Durante a manifestação, a comunidade também criticou o acordo firmado em 2021 e contestou a avaliação positiva apresentada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), pelo Ministério Público Federal (MPF), pela Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG) e pelo governo mineiro.

O rompimento da barragem em 2019 resultou em uma avalanche de rejeitos que teve grande impacto nos municípios da bacia do Rio Paraopeba. As buscas ainda continuam para localizar os corpos de três vítimas que estão desaparecidas. Até o momento, foram registradas 272 mortes, incluindo dois bebês de mulheres grávidas na contagem.

A Associação dos Familiares das Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem em Brumadinho (Avabrum) tem chamado cada vítima de “joia” desde 2019, em resposta às declarações do ex-presidente da Vale, Fábio Schvartsman, que, na época da tragédia, afirmou que a Vale era uma “joia brasileira” que não poderia ser condenada.

“Reparação para nós é a responsabilização criminal, a identificação de todas as joias e a mudança do atual sistema predatório de mineração. Isso para nós seria a reparação”, destacou Andresa Rodrigues, presidente da Associação dos Familiares das Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem em Brumadinho.

Além de familiares das vítimas, moradores das comunidades afetadas, populações indígenas, ex-trabalhadores da Vale e lideranças políticas e sociais estiveram presentes no ato. O deputado federal Rogério Correia (PT), relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou a tragédia, criticou a Vale, afirmando que a empresa é reincidente em crime e que as famílias afetadas não foram devidamente indenizadas.

As famílias presentes manifestaram indignação com a possibilidade do ex-presidente da Vale obter um habeas corpus, pedindo que ele aceite comparecer em um julgamento para provar sua inocência. Além disso, Joceli Andrioli, do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), considera inaceitável a ausência de punições após cinco anos da tragédia.

“As maiores críticas foram direcionadas ao acordo de reparação firmado em 2021. As famílias questionam a distribuição dos recursos, afirmando que não foram consultadas. Elas ainda alegam que os lugares mais afetados foram esquecidos no processo”, enfatizou Andresa.

A Vale, por sua vez, informou que mais de 68% dos recursos do acordo de reparação já foram utilizados e que mais de 15,4 mil pessoas já fecharam acordos de indenização, com um montante de cerca de R$ 3,5 bilhões. A empresa reitera seu compromisso com a reparação de Brumadinho, priorizando as pessoas, as comunidades afetadas e o meio ambiente.

A mobilização das famílias e atingidos em Brumadinho reforça a necessidade contínua de reparação justa e de punição dos responsáveis pela tragédia, após mais de três anos desde o rompimento da barragem.

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